Friday, November 14, 2008

Entrevista com Mario Pastore


Fui atrás do lendário Mario Pastore, vocalista de várias bandas maravilhosas do metal nacional, prestes a lançar um novo disco na praça, agora com a banda Pastore. O vocalista falou com exclusividade sobre sua carreira, ídolos, bandas do qual participou, cenário atual e vários outros assuntos. Acompanhe a entrevista e conheça um pouco mais desse excelente vocalista, um dos mais talentosos do Brasil.
Jairo Granado Junior – Primeiro gostaria que você falasse sobre seu primeiro contato com a música e quais seus ídolos.
Mario Pastore - O meu primeiro contato foi aos 5 anos. Meus pais gostavam de Beatles e Elvis e eu comecei imitando Elvis com um microfone de papelão. Os meus ídolos no metal são: Geoff Tate, Bruce Dickinson, Rob Halford, Dio, Glenn Hughes e Michael Kiske. Fora do metal tenho vários: Mario Lanza, Johnhy Mathys, Elvis Presley, Stevie Wonder, Bee Gees, entre outros.

Você ficou conhecido com a banda Acid Storm que lançou em 1991 o disco Biotronic Genesis. Fale sobre aquela época do início de sua carreira e como você define esse disco hoje em dia. Você o considera um clássico do metal nacional?
Era uma época difícil,pois não havia estrutura boa para o metal: equipamentos,estúdios, os técnicos não tinham conhecimento para gravar esse tipo de som, mas havia uma mágica. As bandas que existiam tinham uma essência própria. O disco é muito bom. Eu considero que seja um clássico sim, inclusive o Fábio tem contato com a galera do Onslaught e eles disseram que adoram esse play. Esse disco foi muito bem aceito aqui e lá fora. Eu, pra variar, me ferrei. Tive três horas pra gravar os vocais do disco inteiro, mas hoje apesar de tudo, tenho orgulho.

Fale um pouco sobre todas as bandas que você já fez parte (Colony, Revenge, Social Fears, Opera´s Noise, Sacred Sinner, Tailgunners e Delpht) e quais os estilos de cada uma?
O Colony eu só gravei o ep e fiz o show de lançamento. Eu não gosto do cd pela péssima produção. É uma banda de prog. Revenge eu não cheguei a gravar nada. Sou amigo do Afonso e tentamos reativar a banda, mas só fizemos poucos shows e mais nada. O som é metal melódico. Social Fears, uma ótima banda, mas tinha um guitarrista que se achava o Paul Gilbert e esse cara era um idiota. Rapidinho acabou. O som era thrash / prog. O Opera´s Noise eu montei com uma molecada de São Caetano muito talentosa, mas o baixista dava mais atenção a banda de covers que eles tinham na escola. Tirei o baixista e o guitarrista, que era amigo dele, viu que eu tinha razão, mas saiu também por lealdade ao amigo. O som era heavy tradicional / melódico. O Sacred Sinner gravei o cd de estréia, mas não quis ficar pois tinha outros projetos e não ia conseguir me dedicar. O som era heavy melódico. O Tailgunners acho o cd bom mas a produção é horrível. O cara do estúdio enganou a banda, que fazia heavy tradicional. O Delpht vesti a camisa da banda, mas houveram erros terríveis. Muita falta de profissionalismo, inclusive perdi um projeto solo por causa deles. Não guardo mágoas de ninguém, mas quando vi que nada ia mudar sai.
Em 2002 você fez parte do cast do disco William Shakespeare´s Hamlet, que contou com várias bandas do metal nacional e foi um trabalho conceitual inovador naquele momento para o mercado nacional. O que você acha desse trabalho, da sua participação nele e, na sua opinião, quais as bandas que mais se destacaram nesse disco?
Sim. Fui convidado pela Die Hard e acho um ótimo trabalho. Das bandas eu gosto muito do Imago Mortis e do Eterna, mas deveria ter havido shows fora que alguns sites e publicações não divulgaram minha participação. Achei muito desrespeito, mas valeu assim mesmo. Elevou meu nome então foi bom.

Dentre todos os momentos de sua carreira, eu destaco o disco Living In Fantasy gravado pela banda Delpht em 2005. O que você acha daquele disco e porque você acha que ele não teve o destaque que mereceu?
Eu gosto muito desse cd, mas a gravadora fez um péssimo trabalho de divulgação. Na galeria, fora a loja deles e a Die Hard, você não encontra o cd. Todas as entrevistas conseguidas na época, a assessoria nos prometeu e nós é que conseguimos todas, então esse é o motivo. Eu vejo gente até hoje falando que comprou o cd, então é sinal de má divulgação mesmo.

Fale sobre sua nova banda, Pastore. Quem está envolvido nesse projeto com você e qual o estilo da banda?
Nesse trabalho está comigo o Fábio Buitvidas (batera do Shadowside), o Raphael Gazal (guitarra dpo Children Of The Beast) e a lenda Ricardo Ravache (baixo do Centúrias e Harppia). Além da amizade desses caras que é valiosa, esse é o som que eu sempre quis fazer: Heavy Tradicional sem frescuras.

Quando o cd estará disponível no mercado? Ele já tem nome? O cd sairá por qual gravadora?
Acredito que no começo do ano, pois ainda estou gravando os vocais. Ainda não tem titulo e se não houver algum selo bom faremos independente mesmo, já que o single e a camiseta vendem bem e sem propaganda em revista.

O que você acha dos downloads ilegais? Você acha que baixar música de graça da internet prejudica mais os artistas ou as gravadoras? Existe uma solução a curto prazo para essa febre da “geração mp3”?
Na minha visão prejudica o artista que depende das vendas, mas por outro lado foi um bom soco na cara dessas gravadoras que só lançam bosta no mercado. Acho que o mp3 pode ser usado da seguinte forma: você baixa a música. Gostou? Compra o cd. Eu sou assim. Adoro o cd com encarte e toda a arte além do som.

Como foi o convite para gravar as vozes dos programas de metal da TV Rock (www.tvrock.com.br), como aquela chamada do programa de culinária e o da previsão do tempo com o Ronnie James Dia?
Um grande amigo meu trabalha pra essa agência que fez o aúdio e o dono perguntou se ele conhecia um bom vocalista de metal pra gravar as vozes. Ele me indicou, daí rolou. Gravei rapidinho e ouvi dizer que tem até toque de celular com isso (risos). Fora que o cachê foi muito bom.

Mario, como você faz para manter sua voz depois de tanto tempo cantando? Você tem algum exercício ou recomendação médica que segue?
Não bebo álcool, não fumo, pratico artes marciais e sempre que posso faço exercícios vocais.

Qual o seu maior defeito e qual a sua maior qualidade como vocalista?
Meu maior defeito é nunca estar satisfeito. A maior qualidade é tentar fazer o melhor sem ter na mão produtor e os estúdios que muitos músicos tem por ter grana ou empresário.

Você acha que tem o reconhecimento que merece no meio musical? Isso faz diferença para você?
Acho que sou MUITO INJUSTIÇADO. Muita gente influente no meio já tentou me prejudicar e muitas vezes conseguiu. As bandas que passei que muitas vezes não batalhavam pra valer e tem muito paga pau que só vai atrás do que sai na capa da revista. Hoje nem esquento mais, pois vivo de música e graças a Deus vivo bem.

O que você tem escutado ultimamente que te chamou a atenção com relação a bandas nacionais e internacionais? Algo que mereça ser indicado por você?
Nacionais gosto demais do Vougan e do Mindflow. O último está matador. Gringo gostei do Metallica novo. Voltaram a fazer som de macho (risos).
Com relação a vocalistas, existe algum vocalista da nova geração que chamou sua atenção?
Eu gosto do Jorn Lande e vou citar um vocal que é uma das minhas maiores influências. É um vocal muito injustiçado também: Tom Malicoat do Lethal.

Qual o estilo dentro do rock que você não consegue escutar de forma alguma e por que?
New Metal e essas bandas de Emo. Uma bosta sem tamanho (risos).

Mario, muito obrigado pela entrevista. Sucesso com o Pastore e gostaria que deixasse uma mensagem final.
Eu é que agradeço o espaço a você Jairo. A mensagem é que o público pesquise antes de comprar só o que está na capa da revista e também respeite o metal nacional, pois há bandas muito boas aqui. Conheçam nosso som no www.myspace.com/bandapastore. Metal is forever!!!!